Entre o grandioso e a realização, secretário de Cultura escolhe o vazio
Na tentativa de reinventar o que já funciona, Fernandópolis deixará de ter a Mostra Estudantil de Teatro
6/20/20252 min read


Tal qual Pierrot, o secretário de Cultura, Rubens Lopes, coloca a fantasia acima da realidade
O secretário de Cultura de Fernandópolis, Rubens Lopes, decidiu "inovar" a Mostra Estudantil de Teatro de uma forma peculiar: simplesmente não a realizando. A justificativa oficial, que aponta questões financeiras, soa como um pretexto vazio.
O custo da Prefeitura com o evento é irrisório: o uso do Teatro Municipal, o trabalho de alguns poucos funcionários e despesas com divulgação, geralmente bancadas pela iniciativa privada. A verdade é que falta vontade de fazer.
Outro argumento, a falta de tempo hábil, também não se sustenta. A Mostra costuma ocorrer no final de outubro. Se dez meses não foram suficientes para organizar algo, o problema é outro.
A realidade é que Rubens, assim como outros secretários do governo Cantarella, parecem mais interessados em reinventar a roda do que em fazer o básico. O secretário almeja uma Mostra com premiações e inovações. Ótimo, mas se isso não é viável neste ano, por que não manter o básico que funcionou em boa parte das 29 edições anteriores?
A resposta é simples: o ego de certos secretários parece superar a razão de sua própria existência. Eles sonham em mudar o mundo sem antes arrumar a própria casa, exibindo um verniz técnico que, na verdade, esconde objetivos tacanhos.
Outra ideia "genial" foi mudar o Fernanraiá das proximidades do quinto dia útil para os dias 24, 25 e 26 de julho. Realizar um evento crucial para o faturamento das entidades longe da época de pagamento revela uma falta de capacidade que desmascara qualquer pretensão técnica.
Há também uma discussão, idealizada pelo secretário, sobre a construção de uma grande fogueira de verdade no centro da praça durante o Fernanraiá. Talvez, a verdadeira motivação para essa fogueira seja o tamanho das vaidades que parte do secretariado de Cantarella insiste em alimentar.
É como se tudo que já existiu na História de Fernandópolis estivesse errado e fosse preciso fundar uma nova cidade. E a gente sabe, ainda que, de fato, muita coisa precise mudar, não é colocando tudo abaixo que nosso futuro será reescrito.
Assim, a atitude do secretário Rubens Lopes e de outros, que preferem a inação grandiosa à realização do simples, remete à melancolia do palhaço Pierrot: um artista que sonha com um espetáculo grandioso, mas que, absorto em sua própria visão idealizada, esquece que a arte reside na performance, por mais modesta que seja.
Ele anseia pelos aplausos de uma peça que ainda não existe, enquanto a plateia aguarda ansiosamente por qualquer ato, por menor que seja, que traga alegria e movimento. A busca por um palco perfeito e uma performance impecável acaba resultando em um vazio silencioso, onde a inovação prometida se dissolve na inércia da pretensão.
Atualização: o secretário vai deixar alguns grupos se apresentarem no Teatro, mas não haverá mostra estudantil. Uma solução para calar os artistas - que aceitaram pouco -, mas não se comprometer com a Mostra.