Guerra nos bastidores: Cantarella trabalha para derrubar provedor da Santa Casa
Ação tem como base problemas relacionados às eleições de 2024
6/30/20252 min read


Eduardo Bolsonaro, Marcus Chaer, José Martins e João Paulo Cantarella
O prefeito de Fernandópolis, João Cantarella (PL), e o secretário de Saúde, José Martins, trabalham nos bastidores para derrubar o administrador da Santa Casa de Fernandópolis, Marcus Chaer. O esforço para minar o nome de Chaer ocorre em várias frentes e tem como pano de fundo as convenções partidárias do Partido Liberal em 2024.
No período pré-eleitoral de 2024, o atual prefeito João Cantarella entrou para o PL após perder o comando do MDB. A manobra, organizada principalmente por pessoas ligadas ao agronegócio, visava garantir a legenda para o então pré-candidato. Ao mesmo tempo, Eduardo Bolsonaro e a ala bolsonarista do partido de Valdemar Costa Neto preferiam a candidatura de Marcus Chaer.
Após uma série de polêmicas envolvendo a troca de comando do PL em Fernandópolis, Cantarella teve sua candidatura confirmada. Ainda que Chaer nunca tenha se colocado como candidato, o grupo de Cantarella tentou, inclusive, barra-lo de participar da convenção que ratificou a candidatura do atual prefeito. A rusga estava criada.
Pelo menos desde fevereiro, há informações de Cantarella e seu secretário de Saúde, José Martins, agindo para sabotar o trabalho de Marcus Chaer à frente da Santa Casa.
Múltiplas fontes afirmaram que, por pelo menos duas vezes, Cantarella declarou categoricamente que gostaria de “tirar” Chaer do cargo de provedor. As falas ocorreram diretamente ao deputado federal Fausto Pinato (PP) em encontros que contaram com a participação do grupo de oito vereadores eleitos pela oposição. O discurso não recebeu apoio do parlamentar fernandopolense.
O secretário de Saúde, José Martins, provocou duas situações para prejudicar o trabalho de Chaer. Em uma reunião do Cisarf, consórcio de saúde de municípios da região, Martins mencionou problemas sobre a “falta de resolutividade da Santa Casa”. Um prefeito que estava presente – mesmo que a reunião fosse de secretários de Saúde – discordou da afirmação, garantindo que “até domingo de madrugada” Chaer atende às solicitações. Outros secretários também não corroboraram a tese de Martins.
José Martins também procurou a Diretoria Regional de Saúde em Rio Preto para reclamar da atuação de Chaer. A direção da entidade deve marcar um encontro do provedor com o secretário para tentar entender os protestos de Martins. Nesta reunião, a alegação foi que Chaer não atendia telefonemas.
Em algumas ocasiões, José Martins não compareceu a reuniões marcadas com o provedor da Santa Casa.
O prefeito João Cantarella também buscou outras Organizações de Saúde para convidá-las a administrar a Santa Casa. Em todas elas, o pedido foi prontamente negado. José Martins é professor na Universidade Brasil, instituição que teve problemas recentes com a Santa Casa Fernandópolis.
Além de José Martins, a ex-provedora da Santa Casa, Sandra Godoy, foi cotada para assumir a secretaria de Saúde de Fernandópolis. Durante seus dois anos no cargo, a dívida da instituição cresceu de R$ 39 milhões para R$ 54 milhões.
Marcus Chaer é provedor da Santa Casa de Fernandópolis – acumulando o cargo de administrador judicial no período – desde o final de 2019, quando a OS de Andradina deixou a instituição. No período, a dívida da instituição caiu de R$ 53,5 milhões para R$ 35 milhões, segundo balancetes e consultoria externa. Considerando a inflação, a dívida diminuiu aproximadamente R$ 37.430.500 em termos reais.